sábado, 7 de maio de 2016
Mudar a vida aos 40, depois de mudar aos 20...
Desta vez a vítima é Cristina Nobre Soares é “copywriter”, trabalha na Claro e escreve no blogue “Em Linha Recta”. Não a conheço, mas apanhei este texto...e vou comentar, quando havia mais coisas para fazer, e tá a chover. «Quando se muda de vida aos vinte, os outros acham imensa piada. Vão beber uns copos connosco, boa sorte, pá. Até porque, quando se muda de vida aos vinte a coisa normalmente passa por uma viagem, por uma temporada no estrangeiro. E isso toda gente sabe que isso tem uma patine brutal. Boa sorte, pá, dizem-nos, e nós achamos que vai correr tudo bem. Que vai ser a experiência de uma vida. E é. Mesmo que corra mal.» interessante, partilho desta ideia, pequeno burguesa, mas acho que não é só isto...até porque aos vinte anos os burguesitos como eu não mudam de vida...estamos talvez a por nos em bicos de pés, outros a espreitar para fora da asa da mãe, outros aos saltos, e os menos burgueses a dar um tiro, tiro esse o mais certo possível. Não é mudar de vida, fazer umas mudanças.
«Mas quando se muda de vida aos quarenta, a coisa pia mais fino. Os outros tentam achar piada. Mas não acham. Tentam compreender. Mas nem sempre conseguem. Dizem, boa sorte, pá, mas vê lá. Olha que tens uma filha. Olha que já tens quarenta. Tens a certeza que é mesmo isso que queres? Não, claro que não temos. Estamos à rasca, cheiinhos de medo. Dificilmente nos convidam para ir beber um copo. Afinal a conversa é séria e convém estarmos sóbrios. Convidam-nos para um café. Ou, se estiverem realmente preocupados, para um almoço. Vê lá, pá. Vê lá o que vais fazer da tua vida.» Também consigo ver isto mais ou menos assim, mas se a conversa é séria não vai ter piada nenhuma, e então porquê mudar? Valham nos os amigos. Mas aqueles que puxam e empurram para a frente. Mas não isto das conversas sérias ainda não me parece uma grande mudança.
Quando se muda de vida aos quarenta, a viagem é cá dentro. Não, não é dentro de Portugal. É mesmo dentro de nós. Vamos até ao tutano. À massa de que somos feitos. E dói como o raio. Se dói. Choramos imenso, rimos imenso. Parecemos uns tontos, uns putos com pés de galinha e cabelos brancos. Descobrimos que somos mais rijos do que pensávamos. Que somos mais tolerantes, mais abertos, mais flexíveis. Mas a maior descoberta não é a de que somos mais coisa nenhuma. É a de que somos apenas isto. E ser apenas isto é uma coisa que se chama vida.
Opá...creio que mudar aos quarenta é tão cá dentro como aos 12...A profundidade tá sempre lá, se não está é porque não temos humildade para olhar para lá. Ou então não há coragem. Mas acho que olhar para dentro de vinte em vinte anos é pouco, e se dói deve ser como depois de ir jogar à bola passados uns tempos valentes sem jogar. Oiço dizer que é um ácido que se liberta. Acho que dói mas é da falta de hábito.
«Mas quando se muda aos quarenta, é um caminho de não retorno. É um bilhete só de ida. Não podemos voltar a casa, porque a casa onde morávamos afinal era uma coisa postiça. E até encontrar uma com as assoalhadas certas, onde caiba esta nossa nova vida, andamos por aí, ao relento. A viver por debaixo das pontes que vamos ter de passar.»
Pois, discordo mesmo...um caminho sem retorno...só para quem estiver a mudar aos quarenta para depois só voltar a mudar aos 60. Uma muda por dia, é o que eu receitaria.
«Depois, um dia, os amigos, que continuaram preocupados connosco, voltam a convidar-nos para almoçar. E é estranho. Porque nós, os que mudámos aos quarenta, voltámos diferentes, tão diferentes que já nem falamos das mesmas coisas, usamos outras palavras, rimos com coisas que nunca tínhamos rido antes. Os amigos, têm de conhecer uma pessoa nova, mas com o mesmo nome e a mesma cara. Os amigos acham que parecemos uns miúdos, mas nós sentimos que, por dentro, passámos a ter alma de oitenta anos. Dizem-nos, estás diferente, pá. E nós olhamos para eles, e respondemos com alívio, não, pá, sabes? Agora, finalmente, é que estou igual.»
Finalmente!...Afinal não percebo, mudou para ficar igual? É mesmo incongruente com aquilo que acho que é a mudança, a evolução, e se não é diária devia ser, e se não é acumulativa, estar se à a perder qualquer coisa, não? A vida? Talvez? E esses amigos, pá, se vêm diferenças tão grandes entre o exterior e o interior, entre o antes e depois, não deviam estar mais presentes? Se estivessem mais presentes viam evolução...não viam mudanças.
Pronto é isto que me incomodava neste texto; pessoas sózinhas que têm necessidade de mudanças para mostrar aos amigos, mas depois não estão com os amigos. Pois é tempo com os amigos enriquece a vida. Há demasiada gente sem tempo para a amizade. Que egoísmo, não é?
texto original http://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/20363/quando-se-muda-de-vida-aos-40
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário