domingo, 10 de dezembro de 2017

Tomei a liberdade

Eu tomei a liberdade de votar, votei à esquerda, não interessa o partido. Foi no Livre. Na grande maioria das vezes voto à esquerda. Porquê? Porque num mundo de liberalização crescente, acredito no papel do Estado para regular a economia, para providenciar serviços que exigem independência e isenção, como a justiça, a saúde, a segurança, e a infra estruturação. Portanto não aquele estado com gente eleita em lugares obscuros de listas eleitorais e outros nomeados pelos tais, ao serviço dos negócios privados. Não aquele estado que forma profissionais para os seus setores vitais que mencionei, que depois vão vender os seus serviços em paralelo com o serviço público e no dito abusam de autoridade. Não naquele estado cujos funcionários de 2ª linha estão desmotivados pelo exemplo que vem de cima e que depois usam a burocracia para retardar, embrulhar e mesquinhar o utente. Não naquele estado que dá negócios feitos aos amiguitos em ajustes diretos e outras operações menos transparentes. E continuo a esperar, que tenhamos um serviço nacional de saúde, tribunais, polícia, poder local, segurança social competente para construir aquela sociedade prevista na constituição apesar dos episódios de excepção que vão sendo apresentados acima e ampliados na e pela comunicação social. Depois não percebo porque é que tenho involuntariamente 2 seguros de saúde (um da empresa, outro do banco e lá vou conseguindo evitar os seguros dos veículos), e quando tenho um acidente de trabalho e vou de ambulância INEM ( estado) para as urgências do HSFX ( estado) aparece mais um seguro a tomar conta da ocorrência, fazendo me depois ter deslocações onerosas quando podia ter simplesmente ido ao médico de família. Mais, os mesmos médicos do Serviço Nacional de Saúde estão a fazer horas no privado para contradizer o que foi diagnosticado nas urgências ( fissura no rádio que traduzindo é braço partido) com base na mesma ferramenta de diagnóstico ( r-x) querendo que vá trabalhar passados 11 dias sem conseguir segurar num garfo para comer. Tomei a liberdade de contrapor a sua decisão, mas não gostei da sensação de pieguice a que me vi obrigado a submeter perante a pressão do médico a trabalhar no privado para seguros que se sobrepõem a funções centrais do estado.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

há fumo no princípio, no meio e no fundo do túnel.

Quando tenho que comprar carro, pois é já lá vão uns quantos, penso que tem de ser posterior a 2000. É para poder descer a av. da Liberdade de Lisboa ou atravessar a baixa junto ao rio Tejo, cujo tráfego está condicionado para minimizar a poluição atmosférica provocada pelos escapes sem catalisador. Mas só uso o carro para este trajeto ao domingo por causa do tráfego e do estacionamento e em apenas meia dúzia de vezes por ano, pois ou não tenho horário ou não tenho nada que fazer lá visto que a zona agora é o melhor destino do mundo para turistar. Já não conheço lá ninguém e não costumo precisar de azulejos com elétricos pintados. Conclusão, como sou suburbano e vivo onde posso numa metrópole que cresceu desalmadamente ao sabor da especulação imobiliária, ao longo de eixos viários com a conivência político partidária de quem ascendia ao poleiro das câmaras municipais e com a oferta de transportes públicos dos anos 50. Se tiver que ir ao centro da urbe, tenho que ir de mota, que me permite fintar o magnífico parque automóvel dos concelhos de Oeiras e Cascais. Pena que a maioria das modernas viaturas ainda não estejam pagas graças aos engenhosos leasings e os lúgubres ocupantes possuídos pela portentosa ostentação ( e talvez porque paguem mais iuc), achem que já são donos da estrada, ( o pessoal da marginal, é o maior expoente deste pecado). Infalivelmente e depois do sobe e desce das colinas que antecedem a chegada a Lisboa, temos a maravilhosa obra de Santana em Graça. O túnel do Marquês.* Onde podia haver túnel rodoviário se calhar podia haver metro? Se calhar sim. Mas é o que temos, um longo e declivoso túnel, com radares que se calhar em vez de estarem lá em baixo podiam estar a meio do trajeto. Mas é mesmo difícil de percorrer, preciso de suster a respiração durante 1500m a 50km hora, são quase 1m30s. A certa altura via alguns sem-abrigo a dormir por lá, agora devem dormir no IPO. A coisa é mesmo, irrespirável. E no final, pasme se! é proibido circular de automóvel anterior a 2000 na saída para a Av. da Liberdade. Bonito. Mas se for um táxi ou um Volkswagen/ Audi/ Seat/ Skoda todo entupido que com certificação ambiental provenientes de testes de emissões fraudulentos e a queimar mais óleo que gasóleo, pode, desde que tenha matrícula de 2000. E que tal, por a plaquinha do transito proibido para os tais veículos à entrada do túnel? Sobretudo na do sentido que sobe? *Um estudo realizado pelo Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL) concluiu que o túnel do Marquês é o local mais poluído de Portugal.[4] Segundo o estudo, os níveis de poluição no interior desta passagem são dez vezes superior ao limite legal. Enquanto que, nas principais zonas urbanas de Lisboa, a média de partículas na atmosfera é aproximadamente 50 microgramas por metro cúbico, dentro do túnel do Marquês esse valor dispara para 500 microgramas. É referido ainda que as partículas existentes no túnel, devido à sua elevada concentração, e por serem pequenas, infiltram-se rapidamente nos pulmões e são absorvidas na corrente sanguínea, originando um leque alargado de doenças respiratórias e pulmonares. Estas são ainda mais perigosas porque 80% da sua composição é carbono. Boa parte do ar que se respira dentro do túnel é composto por restos de combustível queimado, metais libertados pela parte mecânica dos automóveis e ainda resíduos que se soltam dos catalisadores: uma mescla de fragmentos altamente perigosos para a saúde pública e propícios para doenças cancerígenas.