segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

há fumo no princípio, no meio e no fundo do túnel.

Quando tenho que comprar carro, pois é já lá vão uns quantos, penso que tem de ser posterior a 2000. É para poder descer a av. da Liberdade de Lisboa ou atravessar a baixa junto ao rio Tejo, cujo tráfego está condicionado para minimizar a poluição atmosférica provocada pelos escapes sem catalisador. Mas só uso o carro para este trajeto ao domingo por causa do tráfego e do estacionamento e em apenas meia dúzia de vezes por ano, pois ou não tenho horário ou não tenho nada que fazer lá visto que a zona agora é o melhor destino do mundo para turistar. Já não conheço lá ninguém e não costumo precisar de azulejos com elétricos pintados. Conclusão, como sou suburbano e vivo onde posso numa metrópole que cresceu desalmadamente ao sabor da especulação imobiliária, ao longo de eixos viários com a conivência político partidária de quem ascendia ao poleiro das câmaras municipais e com a oferta de transportes públicos dos anos 50. Se tiver que ir ao centro da urbe, tenho que ir de mota, que me permite fintar o magnífico parque automóvel dos concelhos de Oeiras e Cascais. Pena que a maioria das modernas viaturas ainda não estejam pagas graças aos engenhosos leasings e os lúgubres ocupantes possuídos pela portentosa ostentação ( e talvez porque paguem mais iuc), achem que já são donos da estrada, ( o pessoal da marginal, é o maior expoente deste pecado). Infalivelmente e depois do sobe e desce das colinas que antecedem a chegada a Lisboa, temos a maravilhosa obra de Santana em Graça. O túnel do Marquês.* Onde podia haver túnel rodoviário se calhar podia haver metro? Se calhar sim. Mas é o que temos, um longo e declivoso túnel, com radares que se calhar em vez de estarem lá em baixo podiam estar a meio do trajeto. Mas é mesmo difícil de percorrer, preciso de suster a respiração durante 1500m a 50km hora, são quase 1m30s. A certa altura via alguns sem-abrigo a dormir por lá, agora devem dormir no IPO. A coisa é mesmo, irrespirável. E no final, pasme se! é proibido circular de automóvel anterior a 2000 na saída para a Av. da Liberdade. Bonito. Mas se for um táxi ou um Volkswagen/ Audi/ Seat/ Skoda todo entupido que com certificação ambiental provenientes de testes de emissões fraudulentos e a queimar mais óleo que gasóleo, pode, desde que tenha matrícula de 2000. E que tal, por a plaquinha do transito proibido para os tais veículos à entrada do túnel? Sobretudo na do sentido que sobe? *Um estudo realizado pelo Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL) concluiu que o túnel do Marquês é o local mais poluído de Portugal.[4] Segundo o estudo, os níveis de poluição no interior desta passagem são dez vezes superior ao limite legal. Enquanto que, nas principais zonas urbanas de Lisboa, a média de partículas na atmosfera é aproximadamente 50 microgramas por metro cúbico, dentro do túnel do Marquês esse valor dispara para 500 microgramas. É referido ainda que as partículas existentes no túnel, devido à sua elevada concentração, e por serem pequenas, infiltram-se rapidamente nos pulmões e são absorvidas na corrente sanguínea, originando um leque alargado de doenças respiratórias e pulmonares. Estas são ainda mais perigosas porque 80% da sua composição é carbono. Boa parte do ar que se respira dentro do túnel é composto por restos de combustível queimado, metais libertados pela parte mecânica dos automóveis e ainda resíduos que se soltam dos catalisadores: uma mescla de fragmentos altamente perigosos para a saúde pública e propícios para doenças cancerígenas.

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